Espinosa, meu éden

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sexta-feira, 23 de março de 2018

1940 - Quanto talento no Barro!

Mesmo em meio ao verdadeiro turbilhão de ódio, intolerância e fake news que se alastra violentamente e sem controle na Internet, ainda é possível descobrir em suas entranhas tesouros sonoros que nos trazem tanto prazer e alegria. E foi assim meio do nada que deparei-me, no You Tube, com um som que me encantou por completo logo que ouvi os primeiros acordes. E quem era o autor daquelas harmoniosas canções? Um tal de Barro! Barro, isso mesmo. Como sou curioso, enquanto escutava com a máxima atenção suas músicas do álbum "Miocardio", fui buscar mais informações sobre o artista. E foi isso que descobri.



Barro é o nome artístico do cantor, compositor e produtor musical Filipe Barros nascido no Recife, em Pernambuco. O músico cria canções com um lirismo poético interessante, realizando uma sintetização moderna da sonoridade pop com uma forte instrumentação eletrônica e de samplers, temperado com o tradicional sotaque pernambucano. Depois de passagens por alguns grupos, inclusive a Banda Dessinée, onde foi um dos idealizadores, ele se jogou na carreira solo lançando em agosto de 2016 seu primeiro álbum, denominado "Miocardio". O disco é uma gostosura de se ouvir. 
Em "Miocardio", ele conta com a presença de muita gente boa, como William Paiva, Rodrigo Samico e Gui Amabis, na produção. Além deles, lá estão os conterrâneos Dengue (baixista do Nação Zumbi), Jam da Silva, Gilú e Maurício Fleury tocando. Barro divide os vocais da sua obra pessoal com Juçara Marçal (do Metá Metá) na faixa "Nouvelles Vagues", cantada em francês; Serena Altavilla na versão italiana de "Vai"; Catalina García (do Monsieur Periné), na música "Volver"; e Lisa Moore (Blood and Glass) na canção cantada em inglês, de nome "No Era". Mesmo com os versos cantados em várias línguas (português, inglês, francês, espanhol e italiano), o disco não soa estranho, muito pelo contrário, nos embriaga serenamente com suas belas harmonias. A arte da capa do disco é do designer Laurindo Feliciano.
Se viemos do barro e para o barro voltaremos, vamos então adotar como trilha sonora o delicioso som do Barro enquanto estivermos aqui nesta viagem sem data marcada para terminar. 
Um grande abraço espinosense.


Faixas:
01 - Vai
02 - Ficamos Assim
03 - Volver (participação Catalina Garcia, colombiana vocalista da banda "Monsieur Perigné")
04 - Mata o Nego
05 - Piso em Chão de Estrela
06 - Nouvelles Vagues (participação Jussara Marçal, do Metá Metá)
07 - Poliamor
08 - Despetalada
09 - No Era (participação Lisa Moore)
10 - Carpe Diem
11 - Todo Por do Sol
12 - Miocárdio
13 - Vai (Versão italiana) (participação Serena Altavilla) 






"Poliamor"
Barro

O som tocou no rádio 
Ela perdeu o prumo 
Ela dançou na noite 
A gente foi o assunto

Eu só perdia ela 
Quando queria mais 
Ela beijou a lua
E se perdeu no cais

E nos perdemos tanto 
Que a gente nem sabia 
Se era meia-noite
Ou o sol do meio-dia

Se era o fim da linha
Ou se era um novo rumo 
Se era mar aberto
Ou deserto profundo

Se era um vagar no mundo 
Ou um som que se ouvia 
Se era tu de novo
Ou eu que te queria

E de pensarmos tanto 
A gente nem sabia 
Que reluzindo a noite 
A lua protegia

Pode a vida
Pode o amor
Pode o tempo transformar 
Pode a vida
Poliamor
Pode o mundo
Pode amar