Espinosa, meu éden

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sexta-feira, 13 de abril de 2018

1956 - Luzes sobre Maria Madalena

Em uma sala bem fria, por conta do ar condicionado no máximo em função de mais uma tarde escaldante de Montes Claros, e com a companhia silenciosa de apenas mais outros quatro espectadores, todos mulheres, assisti dias atrás, na sessão das 15h30, à história de uma das mais enigmáticas personagens bíblicas, Maria Madalena.
Foram vários os rótulos a ela destinados pela história: prostituta, santa, esposa de Jesus, feminista e a única mulher apóstola. Na Bíblia, seu nome é citado por 17 vezes. Ela teria sido uma das figuras presentes ao sacrifício de Jesus Cristo na cruz e teria sido escolhida para a sagrada missão de ser a primeira a vê-lo após a morte e fazer o anúncio aos apóstolos da sua ressurreição.   
Maria Madalena nasceu na cidade de Magdala, uma vila de pescadores situada próxima ao Mar da Galileia, a cerca de 10 km de Cafarnaum. Sua vida é contada através dos séculos das mais variadas formas, com versões positivas e negativas à sua trajetória. Até a própria Igreja Católica, através do papa Gregório Magno (540-604), fomentou a ideia de que ela havia sido prostituta e pecadora, até ser convertida por Jesus. Há pouco tempo, no ano de 2016, o Papa Francisco reafirmou a crença da Igreja na santidade de Maria Madalena, transformando em festa litúrgica a data de 22 de julho.


   
No filme dirigido por Garth Davis, que estreou neste 15 de março, Maria Madalena é apresentada como uma mulher ao mesmo tempo frágil e forte, titubeante e decidida, submissa e revolucionária. Naqueles tempos em que a mulher tinha muito menos espaço na sociedade que nos dias atuais, ela teve a coragem de confrontar sua família e quebrar paradigmas machistas de então ao decidir se juntar aos apóstolos, todos homens, para seguir Jesus. 
A figura central do filme é Maria Madalena. A história de Jesus Cristo aparece em plano secundário, em pequenos trechos, sem muito alarde. A ideia principal é mostrar a protagonista como um ícone de fé e determinação de sua época e o quanto ela foi importante e guerreira na tarefa de apoiar Cristo na sua difícil caminhada na pregação de uma nova concepção de mundo, fincado na paz, na harmonia e no amor. 
Olhando à nossa volta, em pleno Século XXI, a constatação triste e decepcionante a que chegamos é a de que, mesmo com a sua mensagem clara e cristalina sobre o caminho que deveríamos seguir para alcançar o Reino dos Céus, muitos seres humanos ainda não o compreenderam. Triste e dolorosa realidade.
Mesmo que você não acredite em Deus, ou seja de outra religião que não a Católica, não deixe de assistir ao filme, uma criação produzida com muito esmero, sem panfletagem barata, e com uma visão justa e legítima da mulher que esteve sempre próxima do maior ser humano da história. Você também tem toda a liberdade de discordar da visão do diretor, mas o melhor de tudo é poder refletir sobre a sua maneira de enxergar a história. É da visualização e aceitação ou não da pluralidade de ideias sobre os mais variados temas que crescemos como seres pensantes. Afinal de contas, é apenas um filme, construído sob uma visão íntima e pessoal do seu criador. E só. A cada um é dado o direito de acreditar e desacreditar no que quiser, democraticamente. 
Um grande abraço espinosense.      

Elenco:
Rooney Mara (Maria Madalena)
Joaquin Phoenix (Jesus Cristo)
Chiwetel Ejiofor (Pedro)
Tahar Rahim (Judas)
Ariane Labed (Raquel)
Michael Moshonov (Mateus)
Denis Ménochet (Daniel)
Lubna Azabal (Suzana)
Tawfeek Barhom (Tiago)
Ryan Corr (José)
Shira Haas (Léia)
Jules Sitruk (Aarão)
Zohar Shtrauss (João)
Lior Raz (líder da comunidade)
Hadas Yaron (Sarah)

Data de lançamento: 15 de março de 2018 (Brasil)
Direção: Garth Davis
Gênero: Drama
Duração: 119 min
Roteiro: Helen Edmundson e Philippa Goslett
Distribuidora: Universal
Música composta por: Jóhann Jóhannsson, Hildur Guðnadóttir
Classificação: 12 Anos


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