Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

terça-feira, 21 de março de 2017

1712 - Machismo, não!

Desde sabe-se lá quando, que nem sei precisar, a mulher tem sofrido a incômoda situação de ser covardemente tratada como um ser humano inferior, o tal de sexo frágil. Como se fosse justo denominar de frágil aquela guerreira que carrega em seu íntimo, por longos nove meses, uma nova vida que desabrocha naturalmente de forma espetacular, acompanhada de dores indescritíveis e muitas vezes ignoradas pelos machos tão próximos. Fragilidade esta supostamente carregada por quem bravamente se desdobra em várias atividades em tempo integral, desde os cuidados com os seus rebentos, com a casa, com as compras no supermercado (de acordo com um singular político brasileiro) até a árdua lida diária em busca da sobrevivência e de uma vida digna para si e para os seus entes queridos. De frágil as mulheres tem muito pouco, precisam aprender certos homens machistas e totalmente apartados da realidade.
Mesmo em tempos de sociedade um pouco mais evoluída, as mulheres continuam sendo diminuídas no seu valor, sofrendo preconceitos no trabalho e sofrendo agressões até mesmo daqueles que dizem amá-las. Quantos não são os casos, revelados diariamente pela mídia, de agressões verbais, de espancamentos covardes e até de assassinatos, pelo simples fato de elas não aceitarem mais a relação amorosa deteriorada e insuportável com os seus companheiros de caminhada? Um verdadeiro absurdo, triste e repulsivo.
No último dia 8 de março, quando se comemorou o Dia Internacional da Mulher, protestos foram realizados em todo o mundo, com as mulheres saindo às ruas para demonstrar o seu poder de fogo e de reação contra as injustiças perpetradas desde sempre contra si. Muitas vitórias foram alcançadas, mas ainda é preciso lutar ininterruptamente para consolidar o pouco conquistado e o muito por conquistar. A luta é dura e longa, mas não se deve desanimar jamais.


Normalmente, desde pequenos, somos criados em um ambiente estritamente machista, mesmo que não doutrinado abertamente. Essa cultura de empáfia se reflete em muitas atitudes nossas durante a vida, infelizmente resultando em procedimentos recheados de machismo, sobretudo na tenra idade, quando ainda não percebíamos o equívoco de tal comportamento. Por isso é preciso refletir, aprender, conscientizar-se dos erros cometidos e não voltar jamais a repeti-los. 
Mas, felizmente, algumas pequenas mudanças parecem estar começando a acontecer, mesmo que tímidas. Se repararmos bem, o machismo vem de longa data, não só nas entranhas da sociedade, como também no mundo dos espetáculos e no teor do marketing da mídia mundial. Observe todos os grandes eventos do entretenimento por todo o mundo. Todos usam descaradamente o corpo feminino como atração. Nas lutas de boxe e de MMA, lá estão as mulheres anunciando os rounds com roupas minúsculas e corpos sarados. Nos jogos de basquete lá estão as garotas dançando de shortinho. Nos salões de automóveis, lá estão as "máquinas", metálicas e humanas, atraindo a atenção do público majoritariamente masculino. Nos circuitos de automobilismo, idem. Nos programas de televisão, especialmente os de auditório, lá estão dezenas de lindas garotas sensuais, quase desnudas. No mundo da propaganda não é diferente. Nos comerciais de tudo quanto é produto, lá estão as mulheres, não raro em poses sensuais e quase despidas. Em comercial de cerveja então, só dá isso: maravilhosas mulheres de biquíni, seja se exibindo na praia ou em qualquer outro lugar do planeta. Não que eu não goste de apreciar o corpo feminino, uma das coisas mais lindas que Deus criou. Nada disso e muito pelo contrário! O que incomoda é o excesso, a exploração exacerbada, a apelação vergonhosa do uso do corpo feminino para expor e exaltar sua condição de "objeto" pertencente ao macho homem e a vender todo tipo de mercadoria, muitas vezes sem nenhuma relação direta a elas.
Mas nem tudo está perdido. A cerveja Skol deu uma verdadeira guinada nesta história de propaganda de mulheres seminuas, com o lançamento de um novo comercial com o título de Reposter Skol e que merece uma conferida. Oito ilustradoras e artistas plásticas foram convidadas a recriar alguns pôsters antigos da Skol sob um novo olhar, desta vez sob uma visão respeitosa e sem machismo da figura feminina. O resultado, que merece aplausos, está no vídeo abaixo. 
Pode ser o começo de uma nova perspectiva na publicidade brasileira que merece chegar a outras áreas da sociedade, levando a todos nós, homens, a dar às mulheres o seu devido e merecido valor. Ninguém precisa desejar ser maior ou melhor que ninguém. O que se reivindica é tão somente a igualdade de direitos e o respeito entre os sexos. É pedir muito? 
Um grande abraço espinosense.


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