Espinosa, meu éden

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terça-feira, 23 de agosto de 2016

1573 - As lições e emoções das Olimpíadas do Rio de Janeiro

Terminada mais uma edição das Olimpíadas, a primeira realizada na América Latina, com estrondoso sucesso mundial, é o momento de selecionar as cenas mais emocionantes das disputas esportivas, as vitórias mais consagradoras, as maiores frustrações e, mais importante que tudo, assimilar os belos exemplos de vida apresentados pelos atletas, seres humanos falíveis como quaisquer outros.
O esporte é deveras magnífico e surpreendente. Enquanto muitos atletas calouros se sobressaíram com grandes conquistas, grandes nomes do esporte ficaram pelo caminho, sem viver o momento mágico de subir ao pódio e colocar no peito a tão sonhada medalha olímpica. Os grandes tenistas Novak Djokovic, Rafael Nadal e Serena Williams, por exemplo, saíram da competição de mãos vazias. Atletas que viveram momentos de tristeza e decepção em competições passadas, recebendo críticas pesadas da imprensa, deram a volta por cima com muita valentia e determinação, exemplos de Diego Hypolito na ginástica e de Rafaela Silva no judô. E outros confirmaram a sua ampla superioridade sobre os demais, casos dos astros Usain Bolt e Michael Phelps.
Eis outros momentos mágicos e inspiradores dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro:
  • Nada como a força do amor. Depois de subir ao pódio para receber a sua medalha de prata pela prova de trampolim de 3 metros na modalidade dos saltos ornamentais, a chinesa He Zi, de 25 anos, foi surpreendida pelo pedido de casamento do namorado Qin Kai, competidor da mesma modalidade, que lhe entregou uma aliança e uma rosa.
  • Coisa parecida ocorreu no Centro Olímpico de Hóquei, após a derrota do Brasil para a Austrália por 9 a 0. O goleiro Rodrigo Faustino, que foi um dos destaques do time, apesar do fracasso da equipe, pulou para a arquibancada e pediu a namorada Maria Luiza Gil em casamento.
  • O mesmo se deu com a atleta de rugby Izzy Cerullo, que recebeu, ainda no gramado do estádio, um pedido de casamento da gerente de serviços da equipe brasileira de rugby, Marjorie Enya, e, claro, disse sim.
  • Um dos momentos mais emocionantes, entre tantas disputas, foi o combate frenético entre os grandes tenistas Juan Martin Del Potro e Andy Murray na briga pela medalha de ouro no tênis. O tenista americano bateu o argentino por 3 x 1 em uma partida memorável, de mais de quatro horas de duração. O nº 1 do mundo na modalidade, o sérvio Novak Djokovic, infelizmente foi eliminado ainda no primeiro jogo, por 2 x 0, pelo argentino que iria conquistar a medalha de prata, Juan Martin Del Potro. No feminino, a americana Serena Williams também não subiu ao pódio, caindo nas oitavas de final ao perder para a ucraniana Elina Svitolina, por 2 sets a 0, parciais de 6/4 e 6/3.
  • A judoca Rafaela Silva deu a volta por cima ao ganhar a medalha de ouro, depois de passar pelas atletas Miriam Roper, da Alemanha; Jandi Kim, da Coreia do Sul; Hedvig Karakas, da Hungria; Corina Caprioriu, da Romênia e Sumya Dorjsuren, da Mongólia. Nas Olimpíadas de Londres, Rafaela foi desclassificada por dar um golpe irregular e acabou sendo massacrada nas redes sociais e na imprensa, sendo vítima até de racismo, um fato absurdo e lamentável.
  • O jamaicano Usain Bolt brilhou como um dos maiores astros dos Jogos do Rio. Venceu as três competições que participou e saiu levando três medalhas de ouro para casa. Com o tempo de 9s81 na prova dos 100 metros, sagrou-se tricampeão olímpico, fato inédito na história do atletismo. E o mais legal, conquistou a simpatia e o respeito de milhões de brasileiros com o seu incrível talento, sua humildade e sua esfuziante alegria.
  • O protesto do maratonista Feyisa Lilesa, medalha de prata na maratona, contra a repressão das autoridades às manifestações contra o governo na Etiópia.
  • O americano Michael Phelps se despediu novamente das piscinas, mas com grande estardalhaço. Conquistou mais seis medalhas nos Jogos do Rio de Janeiro, sendo cinco de ouro (200m borboleta, 200m medley e os revezamentos 4x200m livre, 4x100m medley e 4x100m livre) e 1 de prata (100m borboleta). Foram 28 medalhas olímpicas conquistadas na carreira, em cinco participações, sendo nada menos que 23 de ouro.



  • A incrível conquista da medalha de ouro pela seleção de rugby da ilha de Fiji sobre a poderosa Grã-Bretanha, por 43 a 7, conquistando a primeira medalha olímpica da história daquele país. 
  • E a cerimônia de encerramento, hein? Que coisa mais linda! Com uma trilha sonora exuberante da música popular brasileira, os organizadores mostraram ao mundo o tesouro musical da nossa cultura, não esquecendo da maravilha que também foi a cerimônia de abertura, fantástica.
  • Outras imagens ficarão por longo tempo na memória dos mais sensíveis: Paulinho da Viola tocando o Hino Nacional Brasileiro; o time dos refugiados sendo ovacionado no Maracanã; Vanderlei Cordeiro de Lima acendendo a pira olímpica dos Jogos do Rio; o choro copioso do neto do técnico Zé Roberto após a derrota da seleção de vôlei feminino para a China; a tristeza de Novak Djokovic ao ser eliminado prematuramente no tênis; as atitudes louváveis da neozelandesa Nikki Hamblin e da americana Abbey D'Agostino, que ajudaram-se mutuamente durante a corrida de classificação dos 5.000 metros, desistindo da competição, mas sendo recompensadas com presença nas finais; a amizade construída nos Jogos entre as atletas de ginástica artística feminina Eun Ju Lee e Hong Un-Jong, que vivem nas rivais Coreias, do Sul e do Norte.

  • A lamentar, as graves contusões do atleta armênio Andranik Karapetyana (do levantamento de peso); do atleta francês Samir Ait Said (da ginástica artística) e da holandesa Annemiek van Vleuten (do ciclismo);  a recusa do atleta de judô do Egito, Islam El Shehaby, em apertar a mão do adversário, o israelense Or Sasson, após ser derrotado numa luta da categoria acima dos 100 kg; a destemperança de Neymar ao xingar um torcedor depois de ganhar a medalha de ouro e a atitude execrável dos nadadores americanos Ryan Lochte e James Feigen, de inventar vergonhosamente a história de um assalto contra eles na cidade.
Para encerrar a primeira Olimpíada realizada na América Latina, uma apoteótica festa com muitos efeitos especiais, cores e luzes que encantaram o mundo e de forma bem brasileira, com muita música popular. Desde o dia 2 de outubro de 2009, dia da escolha do Rio de Janeiro para sediar o evento, até a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, foram exatos 2.500 dias, de muito trabalho e ansiedade. Mas valeu muito a pena. Foram 208 países participantes, 11.544 atletas, 308 provas e 42 modalidades olímpicas em 19 dias de competição. No final, os atletas brasileiros alcançaram a melhor marca de medalhas da história, mesmo com muitas derrotas e frustrações. Foram conquistadas 19 medalhas no total: 7 de ouro, 6 de prata e 6 de bronze. Merecem parabéns os responsáveis pela bela festa do esporte realizada no Brasil, com muita paz, harmonia e tranquilidade, em especial o Carlos Arthur Nuzman (presidente do Comitê Olímpico Brasileiro), o Eduardo Paes (prefeito do Rio) e Luís Inácio Lula da Silva (ex-presidente da República). Agora é aguardar 2020 e contar com outra maravilha que certamente será criada pelo sábio povo japonês.
Um grande abraço espinosense.


Os nossos medalhistas olímpicos dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro:

ISAQUIAS QUEIROZ (Canoagem de Velocidade) - Primeiro atleta brasileiro a ganhar três medalhas em uma só Olimpíada. Conquistou a prata na prova de 1.000 metros de canoagem individual, o bronze nos 200 metros e mais uma prata na prova dos 1.000 metros de duplas.

THIAGO BRAZ (Atletismo) - Ouro no salto com vara, com o novo recorde olímpico: 6,03 metros.



RAFAEL SILVA (Judô) - Bronze na categoria peso-pesado, repetindo seu desempenho em Londres 2012.

ROBSON CONCEIÇÃO (Boxe) - Conquistou a inédita medalha de ouro para o Brasil na categoria leve (até 60 kg).

ALISON E BRUNO (Vôlei de Praia) - A dupla brasileira Alison e Bruno Schmidt, atual campeã mundial de vôlei de praia, bateu os italianos Nicolai e Lupo por 2 sets a 0 e garantiu a medalha de ouro para o Brasil.


RAFAELA SILVA (Judô) - Rafaela Silva tornou-se campeã olímpica no judô, na categoria peso leve.

MAYRA AGUIAR (Judô) - Conquistou seu segundo bronze olímpico na categoria meio-pesado: o primeiro foi em Londres 2012.

ARTHUR ZANETTI (Ginástica Artística) - Arthur Zanetti conquistou a prata, nas argolas. Ele foi ouro em Londres 2012. É o primeiro ginasta brasileiro a conquistar duas medalhas olímpicas.


POLIANA OKIMOTO (Maratona Aquática) - A paulistana Poliana Okimoto chegou em quarto lugar na maratona aquática feminina, mas ficou com o bronze após a desclassificação de uma atleta da França, penalizada por atrapalhar a chegada da rival italiana.

DIEGO HYPOLITO e ARTHUR MARIANO (Ginástica Artística) - Pela primeira vez, dois atletas da ginástica do Brasil subiram no pódio ao mesmo tempo. Diego Hypolito, para receber a prata, e Arthur Mariano Nory, para levar o bronze na ginástica de solo masculina.

FELIPE WU (Tiro Esportivo) - Felipe Wu garantiu a medalha de prata no tiro esportivo, na modalidade pistola de ar 10 m.

MARTINE GRAEL e KAHENA KUNZE (Vela) - A dupla conquistou a medalha dourada dos Jogos Olímpicos do Rio ao vencer a regata decisiva da classe 49er FX.


ÁGATHA e BÁRBARA (Vôlei de Praia) - Conquistaram a medalha de prata no vôlei de praia feminino.

SELEÇÃO MASCULINA DE FUTEBOL - Enfim, conquistou a medalha de ouro ao vencer a Alemanha na decisão nos pênaltis.

MAICON DE ANDRADE SIQUEIRA (Taekwondo) - Garantiu a medalha de bronze inédita.

SELEÇÃO MASCULINA DE VÔLEI - Na semifinal e na final atropelou as fortíssimas equipes da Rússia e Itália e conquistou a medalha de ouro que não ganhava desde 2004, em Atenas.