Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

1472 - O sensível e harmônico espinhaço musical de Bernardo Puhler

Se você é como eu, um simples e humilde cidadão do mundo que gosta de rio, mato, cachoeira, canto dos pássaros e música boa, junte-se a mim nesta escalada virtual pelas montanhas das nossas Minas Gerais. Reúna a Serra do Cipó, a Chapada Diamantina, a Serra dos Cristais, a Serra de Ouro Branco, a Serra Geral e muitos outros montes, vales, serras e montanhas e pronto, eis a Serra do Espinhaço, um manancial de belezas naturais de mais de 1.000 km que vai de Minas à Bahia.
E é de algum lugar mágico desse cenário abençoado por Deus que desponta um artista especial, que resolveu adicionar o lugar à sua vida e ao seu nome artístico. Trata-se do cantor, compositor, multi-instrumentista e fotógrafo Bernardo Puhler, que adotou o nome "Bernardo do Espinhaço".
Detentor de uma voz privilegiada e de um talento incomum para criar composições que embalam os corações daqueles que apreciam uma boa música, Bernardo talvez tenha sido beneficiado pela saudável experiência da meditação, já que por algum tempo, entre os 16 e os 20 anos, foi monitor em uma escola de yoga. Acrescente-se a isso o apreço pelos sertões e pelas caminhadas nas montanhas, que o faz criar canções tocantes e aprazíveis, que fazem a cabeça de mochileiros e montanhistas. E não só, pois eu fui fisgado imediatamente pela sua música logo depois de ouvir suas belas criações.
Suas músicas são criativas, suaves, harmoniosas e trazem um enorme prazer aos ouvidos, batendo diretamente no fundo do coração. São canções que parecem embalar o mundo em uma atmosfera bucólica, oriundas das lonjuras e entranhas magníficas da Natureza. No desalentador cenário atual da música, um verdadeiro oásis de encantamento. Ainda bem!


Bernardo estudou piano no conservatório da UFMG, tocou muita MPB nos bares de Belo Horizonte, montou o grupo Músicas do Espinhaço (com quem lançou três discos de estúdio), e finalmente decidiu se aventurar na carreira solo. "O Alumbramento de Um Guará Negro em Uma Noite Escura", de 2014, e "Manhã Sã", de 2015, são os seus dois álbuns primeiros na carreira pessoal. Nos discos, além das composições, ele toca o violão, a viola caipira, o acordeão e a flauta transversal, entre outros instrumentos. O acompanharam no mais recente trabalho, os músicos Frederico Heliodoro (baixo), Gustavo Campos (percussão), Rafael Furst (bateria), Rodrigo Lana (piano), GA Barulhista (teclados e programações eletrônicas) e o artista plástico JB Lazzarini.


Alguns definem o tipo de música que ele faz como música de montanha, de mochileiro ou apenas de Minas. É isso tudo e muito mais. É música interplanetária, universal ou tão somente dos recantos do Espinhaço. E de Bernardo, com toda a qualidade que lhe é peculiar. Isso é somente o que importa: é gostosa de se ouvir e isso basta. E além de tudo, ainda somos brindados, nós espinosenses, com a citação da nossa cidade na canção "Mato Verde, Monte Azul", como também a baiana Urandi. Um afago no coração, mesmo que não conste o nome de Espinosa no título da canção. Mas valeu, e muito!
E em breve será lançado mais um álbum, este de nome "Pequenas Canções do Sol Lá Dentro". Algumas canções já estão na página do artista no You Tube, como "Acordeão", "Santa Clara do Espinhaço" e "Apê dos Ipês", cada uma mais linda que a outra.
Conheça mais sobre esse grande artista mineiro acessando seu site bernardodoespinhaco.com.br, sua página no Facebook facebook.com/bernardodoespinhaco ou ainda no You Tube youtube.com/user/bernardopuhler. Ouça suas belas canções nos endereços soundcloud.com/bernardodoespinhaco ou no deezer.com/artist/8311832.
Um grande abraço espinosense.


Músicas do álbum "Manhã Sã":
01 - Mato Dentro
02 - O Menino e o Rio
03 - Cabimento
04 - Pajé
05 - Canto pras Travessias
06 - Como diz o Ditado
07 - São
08 - Pai de Pai
09 - Tardeando
10 - Campo Redondo de Ibicoara

Músicas do álbum "O Alumbramento de Um Guará Negro em Uma Noite Escura":
01 - Solto
02 - O Guará Negro
03 - Secundária
04 - A Espera II
05 - Aracy
06 - A Salamandra E O Macaco
07 - Desaconteceu
08 - Pam
09 - Os Altiplanos Da Estrada De Conselheiro Mata
10 - Poisé, Pousei
11 - A Espera I
12 - Mato Verde, Monte Azul



PAJÉ 
Bernardo do Espinhaço

Meço
e não me impeço
que a incerteza é uma invenção
que se desfaz no caminhar
Penso
me reinvento
que a vida é chão em construção
só de pensar já posso andar
A pé
e até
e até que eu seja um pajé
de mim e enfim
e a fé transborde pelas mãos
de chão em chão
semeio as tardes
Quero
e como eu quero
e por querer já sou feliz
vontade é um bom lugar
Eu sempre vou ouvir
a noite estrelada
do céu de uma barraca
chamando-me a existir

MATO DENTRO
Bernardo do Espinhaço

Tudo o que é cidade
um dia irá reivindicar
direito de ser pacata
miúda, pequena, chão

Quão menor a cidade
mais jeito de confortar
o amor só precisa de si
e um banco de praça ali

Era bem melhor quando
o Mato Dentro era um lugar
bem dentro de nós

Nem bem estrada dava aqui
mas a paz sabia chegar:
Salão de Pedras ao sol

O MENINO E O RIO
Bernardo do Espinhaço

Um menino solto
é o pai do tempo
peito magro aberto
nunca viu lamento

O rio é o filho mais feliz
do menino que o vestir
um encanta o outro
rio é só momento

Sou o mesmo
menino louco pra viver
e não precisa lei onde o amor estiver
venha rio, rio vem me pertencer

Um comentário:

Rogério Castro disse...

Sou suspeito para falar do amigo, acompanho o seu trabalho desde 2012 (eu acho), simplesmente descreve a rotina de quem sai para um passeio nas belas montanhas de Minas.
Tenho um apreço muito grande pela obra do Bernardo, que é uma pessoa fantástica diga-se de passagem.

Eustáquio, muito bom ler esse artigo.
Obrigado.