Espinosa, meu éden

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segunda-feira, 16 de março de 2015

1203 - Ensinamentos do abade zen budista espinosense Mokugen San

Nestes tempos de overdose de informações, de cotidiano veloz, de mudanças ininterruptas, de relações humanas superficiais, de pouca tolerância aos diferentes, de pouco acesso ao silêncio, nada como uma escapada da dura realidade para uma profunda reflexão sobre como anda a nossa vida. 
E exemplo melhor para nos espelhar neste assunto é o nosso querido conterrâneo José da Costa Ramos, dentista por formação, que depois de cerca de 20 anos se especializando no zen budismo no Japão, tornou-se o monge budista Mokugen San. É atualmente o abade que fundou e dirige o Templo Zen das Alterosas na cidade de Belo Horizonte.
Tendo por base o desapego material, a introspecção, a descoberta interior, a meditação, o zen budismo trabalha especialmente na busca da harmonia e da felicidade.
Ele foi entrevistado pela jornalista Érica Toledo no programa Opinião Minas e aqui estão os dois vídeos com o seu conteúdo integral. Espero que gostem.
Para maiores informações, acesse zen.org.br.
Um grande abraço espinosense.


1202 - Cássia Eller, um vulcão em constante erupção

Assisti encantado e emocionado, dias atrás, ao lado de Juninho Lopes, ao documentário "Cássia Eller". Não poderia ser diferente. Sou um apaixonado admirador daquela mulher tímida e um tanto quanto desleixada que se transformava em um vulcão em erupção no palco. Quanta falta está fazendo a enigmática e exuberante cantora Cássia Eller!
O filme dirigido por Paulo Henrique Fontenelle, que já havia feito o elogiável "Loki – Arnaldo Baptista" (que ainda não vi), mostra toda a trajetória da carreira da menina carioca tímida e meio doidinha que conquistou o respeito e o coração de milhões de fãs pelo país, com a sua voz grave, pulsante e simplesmente memorável. Com o seu temperamento forte e uma timidez inacreditável, Cássia Eller se metamorfoseava completamente ao subir ao palco, segurar o microfone e fazer a coisa que mais amava, cantar. Conforme suas próprias palavras: "a música foi uma fuga da minha incapacidade de viver socialmente". Cássia tinha dificuldades de relacionamento, praticava atitudes execráveis, usava drogas e bebia bastante, e o filme merece elogios por não esconder absolutamente nada. Todas as suas facetas estão lá, escancaradas. Os seus vícios, as suas loucuras, as suas contradições, as suas aventuras amorosas. Mas lá está também a artista dedicada, humilde, amorosa, amiga, talentosíssima e uma supermãe do pequeno Chicão. No filme, ela aparece completa, única, desnuda, ousada, polêmica, mas antes de tudo, uma fenomenal cantora. Não importa se a música é samba, ou rock, ou bolero, ou pop, ou MPB. Em tudo ela se transforma e transforma a música de maneira espetacular e emocionante.


No filme, outros assuntos mereceram destaque. A cobertura sensacionalista e mentirosa do falecimento da cantora é abordado com veemência. Cássia morreu no dia 29 de dezembro de 2001. Na época, um programa da Rede Globo e a Revista Veja (há pouco dias chamada de "gossip magazine" (revista de fofocas) pela The Week) divulgaram a notícia de que a morte da cantora teria sido em decorrência da ingestão de álcool e drogas, o que não foi confirmado pelo laudo do IML - Instituto Médico Legal, que atestou morte por infarto seguido de paradas cardíacas. Mais um lamentável exemplo de como não fazer jornalismo sério.


Outro ponto significativo é a questão da disputa da guarda do Chicão, filho da Cássia. O pai da cantora, de maneira oportunista, entrou com um processo querendo a guarda do então garotinho, mas felizmente, e em uma ação inédita no país, a Justiça decidiu que a criança deveria ficar sob a custódia da companheira de longos anos de Cássia, Maria Eugênia.


No documentário que mostra a história da vida e da obra da brilhante cantora carioca, também não faltam cenas hilárias de Cássia no palco, com seus trejeitos malucos, a exibição dos seios e suas atitudes dignas de um homem. Há cenas muito legais como a que ela invade o palco para dar um abraço no Dave Grohl, durante o festival Rock in Rio, como qualquer anônimo fã. Há ainda flashes de apresentações em várias situações e lugares, inclusive quando se apresentava anonimamente em cidades do interior como o Trio Come Água. 
Depoimentos emocionantes de amigos e companheiros de estrada trazem um retrato fiel da menina que não se dava muito bem com câmeras, entrevistas e o sucesso. Seu destino e alegria era apenas subir em um palco e extravasar de forma tão visceral e esplendorosa todo o seu interior sufocado na alma. E isso ela fazia como ninguém.
Uma das cenas mais legais do filme é quando ela confessa que decidiu cantar de forma mais suave após ouvir uma crítica de seu filho Chicão, ainda garotinho, que lhe disse que ela gritava muito e que gostava mais de Marisa Monte cantando do que ela. O pequeno Chicão tinha toda razão e foi de fundamental importância no desenvolvimento e melhoria no seu trabalho e que nos deu a alegria de vê-la em plena forma arrasando na gravação do disco Acústico MTV, um marco essencial na sua carreira vitoriosa. Atualmente, Chicão já é um jovem, muito parecido com a mãe, tão humilde e tímido como ela e que também segue a carreira musical.



Então, meus amigos, não deixem de ir ao cinema ou comprar o filme (o original, não o pirata, por favor). A história de vida da Cássia é, como de todos os artistas, recheada de muito sofrimento, dúvidas, inquietações, loucuras, mas também de muita beleza, amor, felicidade e um talento inigualável. Cássia Eller, um vulcão que jamais deixará de entrar em erupção. Espero que, onde estiver, ela esteja em paz!
Um grande abraço espinosense.