Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

segunda-feira, 31 de março de 2014

943 - Ditadura, pelo amor de Deus, nunca mais!

É quase inacreditável, mas ainda há gente no Brasil se manifestando pela volta da ditadura e dos militares ao poder. Será que esse pessoal não conhece a história ou já se esqueceu daqueles tempos de violência, de torturas, de repressão, de nenhuma liberdade de expressão e de silêncio forçado? ´
É cada coisa que a gente ouve hoje em dia que nem dá para acreditar. Com o advento das redes sociais, todo mundo (inclusive eu) se acha capacitado o suficiente para disseminar suas opiniões pela rede mundial de computadores, na maioria das vezes sem o menor conhecimento do assunto. São os conhecidos "ouvi falar". O sujeito escuta uma notícia no jornal da televisão ou lê uma manchete no jornal ou na Internet e se acha completamente inteirado sobre o âmago da questão. E sai por aí propagando aos quatro ventos a sua "certeza absoluta". É o que mais se vê atualmente. No famigerado julgamento do mensalão, por exemplo, o que escutei de gente dando opinião, apontando culpados e decretando sentenças não foi brincadeira. Alguns que não sabem nem o número da Ação Penal em questão, quanto mais do conteúdo da investigação criminal e política do caso, se acharam no direito de colocar em dúvida a retidão de caráter e a dignidade da nossa mais digna conterrânea, a ministra Cármem Lúcia. Uma absurdeza total.
Hoje, quando se completa 50 anos daquele maldito golpe militar, só posso salientar a minha alegria e o alívio de poder viver em liberdade plena, com a tranquilidade de poder me manifestar livremente, sem repressão e violência. Não consigo me esquecer de dois fatos que levaram os tentáculos da ditadura até a nossa tão pequena e distante Espinosa. Era ainda uma criança quando as kombis da TFP - Sociedade Brasileira de Tradição, Família e Propriedade, lotadas de jovens e senhores uniformizados, invadiam as ruas do centro da cidade pregando firmemente contra o comunismo. Na minha inocência, achava aquilo muito bonito e interessante. Até aí tudo bem, era só uma tentativa do grupo conservador e radical paulista de disseminar o medo do comunismo pelo interior do país, mesmo usando de inverdades como "os comunistas comem criancinhas" ou "os comunistas irão tomar posse das suas terras e dos seus pertences". 
Tempos depois, as sombras cinzentas da ditadura brasileira pousaram na cidade de Espinosa, no caso do assassinato de um tenente da Marinha Brasileira, morto em circunstâncias até hoje não esclarecidas, que resultaram na prisão e tortura de cidadãos inocentes como Nelito Tolentino e Fiim Fiel. Lembro-me bem dos conselhos da minha mãe nesta época, eu já um garoto, para que não ficasse na rua e não me pronunciasse sobre esse assunto com ninguém, pois o temido DOPS estava na cidade. Para quem não sabe, o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) era o órgão do governo responsável pelo controle e repressão aos movimentos políticos e sociais contrários ao regime militar, além da atribuição de censurar os meios de comunicação. Um tempo para se esquecer, realmente.
Então, senhores, que saibamos usufruir da nossa Democracia - conquistada com muita luta, muito sofrimento e até com o sacrifício de vidas humanas - com liberdade e alegria, mas sempre com respeito às instituições, às autoridades constituídas, ao direito do outro, às divergências de ideias e opiniões, às opções sexuais, religiosas e esportivas. Cultivemos diariamente a Democracia e a harmonia entre as pessoas para que jamais tenhamos que viver novamente em um estado sem liberdade e com medo. Ditadura, nunca mais!
Para ilustrar bem o que foi a ditadura brasileira, publico duas imagens fundamentais deste terrível período da nossa história: o assassinato do jornalista Vladimir Herzog e o atentado no Riocentro, na festa do 1º de maio. 
Um grande abraço espinosense.


           

942 - O emocionante adeus da velha, famosa e amada Kombi

A montadora alemã Volkswagen divulgou na última quinta-feira, dia 27 de março, uma peça publicitária que marca a despedida da perua Kombi. O vídeo, de pouco mais de 4 minutos, é de uma sensibilidade ímpar. Mostra a despedida da Kombi, contada por ela mesma na voz da atriz Maria Alice Vergueiro. 
A história da perua mais famosa do mundo é mostrada através dos vários personagens que viveram experiências especiais utilizando uma das suas unidades. É como se fosse um testamento, uma espécie de últimos desejos da moribunda Kombi. Entre outros, estão lá o designer americano Bob Hieronimous, que pintou uma Kombi e fez o maior sucesso no mítico festival de rock em Woodstock em 1969. Tem a Mírian Maia, que nasceu dentro de uma Kombi. Tem o Carlos Alberto de Valentim, o Seu Nenê, que foi assistir aos jogos do Brasil nas copas em sua Kombi. Também estão lá Franck Köchig e Iris, que deram a volta ao mundo em uma Kombi. Uma ideia maravilhosa e emocionante que merece todos os aplausos.  
Produzida no Brasil desde 1957, a Kombi leva para a história um recorde: foi o veículo de maior longevidade da indústria automobilística mundial. Desde setembro de 1957 até setembro de 2013, foram produzidas mais de 1.560.000 unidades do modelo na fábrica de São Bernardo do Campo.
O nome Kombi é uma abreviação, adotada no Brasil, para o termo em alemão Kombinationsfahrzeug, que, em português, significa "veículo combinado". Assim como o Fusca, vai deixar saudades!
Um grande abraço espinosense.