Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

646 - Espinosa em fevereiro

Estive respirando novamente o ar quente da nossa querida terrinha no feriadão do Carnaval. Mas a minha estada por lá não foi em função da festa do Rei Momo, mas pelas comemorações dos 80 anos de Dona Noeme, pessoa a quem tenho enorme carinho e respeito, e para reencontrar minha cunhada Lena e seu esposo Marcelo, meu amigo e ex-colega de escola, do tempo em que ainda éramos boys. E foi ótima a minha estadia e o reencontro com grandes amigos que há muito tempo não encontrava, como outro velho amigo, também ex-colega do Colégio Joaquim de Freitas, Márcio de Noé. E também o casal de grandes amigos, Tonhão e Márcia, em férias na cidade. Sempre é uma alegria imensurável reencontrar pessoas queridas.
Mas era Carnaval e um dia daqueles dei uma passadinha na Praça Antonino Neves à noite, por apenas alguns poucos minutos. Fui apenas dar uma conferida na movimentação do pessoal, sentir o clima da festa. A elogiar, a organização das barracas na praça e a boa presença de seguranças e policiais militares. Tudo muito bem estruturado. Parabéns aos organizadores. Senti falta das cadeiras e das mesas que antigamente eram colocadas em frente aos bares, na rua, para o conforto dos foliões menos animados. Ninguém aguenta ficar tanto tempo em pé. Ainda mais nós da terceira idade (risos). 
A lamentar, a falta da alegria e da participação do povo na arte de "pular" Carnaval. Há muito tempo que o Carnaval de Espinosa se resume à apresentação de bandas baianas e meia dúzia de pessoas dançando, enquanto a imensa maioria apenas observa parado ali na praça ou se amontoa nos bares tomando a sua cerveja gelada, sem o menor interesse em se fantasiar ou realmente "pular" Carnaval. Não canso de dizer que, depois que o tal axé tomou conta das festividades na cidade, ficou tudo igual. Não importa se é festa de aniversário, batizado, bodas de ouro, casamento, vitória no vestibular, conquista de título pelo seu time, aniversário da cidade, velório etc. Em qualquer situação, é só axé, arrocha e funk. Até no Natal e no São João já não se tocam mais as lindas músicas especialmente compostas para essas datas tão importantes e significativas em nossas vidas. É tudo a mesma coisa, uma mesmice desanimadora. Antigamente era a monocultura do algodão, atualmente é o monoculturalismo do axé (e afins).
A cada ano me distancio mais das festas na cidade. Não sei como esse pessoal não enjoa de tanta música ruim assim o tempo inteiro, algumas com letras de pura indecência. Quanto mau gosto, meu Deus! Eu ainda estava na praça quando a banda começou a tocar uma música que dizia versos tão encantadores como "eu vou comer a tua irmã" (risos). Aí foi a gota d´água. Já havia passado a hora de me retirar dali. É muita idiotice para o meu cérebro cansado da batalha da sobrevivência diária. A propósito, cito Chico Buarque: "Olha a voz que me resta, olha a veia que salta, olha a gota que falta, pro desfecho da festa, por favor..." E assim fui embora para casa, desanimado com o péssimo nível musical do Carnaval de Espinosa, talvez para nunca mais presenciar outra edição, tamanho é o meu desalento com a outrora tão animada festa.
Ninguém mais "pula" Carnaval, ninguém mais se fantasia, não há mais matinês para as crianças se divertirem (e nós também), ninguém mais faz aqueles animados trenzinhos por dentro da multidão de arlequins e colombinas, ninguém mais participa ativamente da festa, que virou apenas um show de música baiana, com muita gente só olhando, tomando cerveja em pé na frente dos bares e dando voltas na praça com a namorada. É a mesma imagem de qualquer outra festa em qualquer lugar ou época do ano na cidade. É a repetição da banalidade, o sepultamento da diversidade da cultura. A completa desidentificação da festa. Uma pena!
E o que dizer do horário em que as festas começam na cidade? Vou morrer tentando entender essa lógica absurda. Como, em uma cidade de pouco mais de 30 mil habitantes, sem engarrafamentos no trânsito e onde qualquer morador consegue chegar em qualquer lugar em menos de 10 minutos, pode-se explicar o início de uma festa às 11 horas da noite? Qual a razão dessa anomalia? Se você mora em uma cidade grande, tudo bem, já que para você sair do trabalho, chegar em casa, se aprontar e retornar para a balada você gastará, dependendo de onde mora, umas duas ou três horas. Mas em Espinosa, onde tudo é pertinho de tudo? Nem Freud explica! E o pior (ou melhor) é que a Justiça decidiu definir um horário limite para o encerramento das festividades, o que às vezes corta a festa em seu mais animado momento, deixando todo mundo insatisfeito. E o pessoal continua começando as festas mais tarde. Vá entender essa insanidade!  
Mas deixa para lá! Vamos dar uma olhada em algumas imagens do Carnaval e da cidade, que mais uma vez sofre com a ignorância de uma parcela da população, que não para de jogar lixo na rua e de emporcalhar os rios da cidade, e com a insensível atitude dessas brancas nuvens que insistem em não despejar a chuva sagrada neste nosso solo tão fértil. É isso!
Um grande abraço espinosense.
A praça estava muito bem organizada






Não parece Carnaval: não se vê uma fantasia sequer na festa



O garboso desfile dos seguranças


Muitos observam, poucos realmente participam da festa
O lado bom da festa: a beleza e a alegria das meninas

O bom humor e a animação dos meninos



O Sol continua a nos iluminar abrasadoramente

Derramando a sua luz por entre as árvores da praça

Realçando as belezas da fé inabalável do nosso povo

A lamentar, o completo descaso de alguns com o nosso Rio Verde

Mas é lindo ver dois símbolos do Sertão em perfeita harmonia: Umbuzeiro e Juazeiro

E perceber a luta incessante da Natureza pela sobrevivência da vida

Reencontrar grandes amigos é tarefa essencial

E resulta em momentos inesquecíveis