Espinosa, meu éden

Espinosa, meu éden

terça-feira, 10 de agosto de 2010

39 - Show de bola: o verdadeiro e maravilhoso futebol-arte brasileiro

Acabo de assistir ao jogo de estreia do treinador Mano Menezes no comando da nova Seleção Brasileira e estou extremamente feliz e esperançoso de novos dias de glória para o desaparecido futebol-arte brasileiro. Pode-se argumentar que o jogo era amistoso, contra uma seleção de nível médio, não integrante do seleto grupo dos campeões mundiais, mas o futebol apresentado pelos meninos do Brasil foi de um encantamento entusiasmador. Com a segurança de Victor no gol, a tranquilidade e eficiência da dupla de zagueiros Thiago Silva e David Luiz (grata surpresa) na defesa, com a competente marcação e excelente saída de bola dos volantes Lucas e Ramires no meio-de-campo, com os passes perfeitos e a técnica apuradíssima de Paulo Henrique Ganso na criação das jogadas e com um trio de atacantes rápidos e habilidosos, Robinho, Neymar e Alexandre Pato , no ataque, a seleção deixou-me bastante impressionado, eu diria muitíssimo entusiasmado. Era o que eu queria ver na seleção canarinho. Jogadores de talento, jogadas bonitas, triangulações, passes curtos, rápidos e certeiros, dribles desconcertantes, belos gols. Esse sim é o verdadeiro futebol brasileiro.
É claro que é somente o começo de um trabalho de preparação para a Copa do Mundo de 2014, em nossa casa, mas que começa com o pé direito, não tenho dúvida nenhuma. Aliás, não tenho dúvida nenhuma de não ter a mínima saudade do zangado Dunga, com toda a sua arrogância e mau-humor e com o futebol horroroso apresentado pelo seu time na Copa da África do Sul. Que venha de volta à Seleção Brasileira a alegria, o encantamento, o fascínio, a mágica e o deslumbramento que nos torna cada vez mais apaixonados pelo velho e emocionante esporte bretão.  

38 - A infindável maldição do GALO

O que anda acontecendo com o poderoso e adorado Clube Atlético Mineiro, paixão arrebatadora de milhões de torcedores fanáticos pelo mundo inteiro? Após anos e anos de administrações desastrosas, que levaram o "Glorioso" ao fundo do poço, com o rebaixamento para a segunda divisão do futebol brasileiro em 2005, o GALO parecia condenado ao ostracismo. Só para recordar: o GALO caiu para a segundona, efetivamente, na partida em que empatou com o Vasco por 0 x 0, em um domingo à tarde, dia 27.11.2005, no Mineirão. O time jogou com Bruno; Cáceres, Lima e Thiago Júnior; Rodrigo Dias, Alício, Rafael Miranda, Tchô (Rodrigo Silva-Euller) e Rubens Cardoso; Renato e Pablito (Quirino). Técnico: Lori Sandri. Como sempre, naquela oportunidade, mesmo triste e em lágrimas, a massa atleticana mais uma vez demonstrou todo o seu amor pelo time, aplaudindo de pé os jogadores e cantando o hino do clube. As coisas andaram bastante ruins por um longo período, em que as conquistas de títulos não aconteciam e as goleadas e derrotas para o rival azul se tornaram uma constante. Mas as coisas começaram a melhorar com as administrações do Ricardo Guimarães e do hoje presidente, o apaixonado atleticano Alexandre Kalil. Priorizando o saneamento financeiro e a construção do centro de treinamento, denominado Cidade do GALO, reconhecido hoje como o melhor do Brasil, as administrações atleticanas conseguiram estruturar melhor o clube e renovar a esperança de dias melhores.
Neste ano, a expectativa da torcida era enorme para uma boa campanha no campeonato brasileiro. Foram contratados grandes jogadores e uma comissão técnica de grande qualidade, principalmente o vitorioso e capacitado treinador Wanderley Luxemburgo. Tudo indicava que as coisas iriam dar certo, já que no ano passado, a equipe fez uma boa campanha no campeonato brasileiro, com um time bem mais modesto. Mas tudo no GALO é bastante inconstante e surpreendente. Até o momento, o time não deslanchou e amarga a 19ª colocação na tabela, com apenas 3 vitórias, 1 empate e 9 derrotas, com um aproveitamento medíocre de 25, 6 % em 13 rodadas. Será que toda essa via-crúcis por que passa o time atleticano nesse período todo, tem a ver com a velha história da santa de manto azul que foi pintada de preto na sede alvinegra?  
As contratações do Atlético foram excelentes, mas com um grande problema: os atletas chegaram fora de forma, por estarem parados há algum tempo, ou em recuperação de contusões e alguns ainda nem estrearam com o manto sagrado. Há que se lamentar a contusão sofrida pelo Daniel Carvalho, que o deixará de fora por mais ou menos um mês. A crise está feia. Mas as perspectivas são muito boas para um futuro próximo. Com Fábio Costa no gol, Fernandinho, Cáceres e Jorge Campos na defesa, Mendez, Serginho e Diego Souza no meio e Daniel Carvalho no ataque, além dos atletas que já faziam parte do grupo, como Diego Macedo, Zé Luiz e Tardelli, o GALO fica com um time bastante competitivo para almejar grandes conquistas. É esperar e torcer para que as nossas expectativas se concretizem e façam enlouquecer a torcida mais apaixonada do mundo.   

37 - A ultrapassada forma de se fazer política

Em plena época da tecnologia avançada, em que tudo muda a cada minuto, os políticos brasileiros continuam a utilizar recursos da Idade da Pedra para se tornar conhecidos e tentar arrebanhar os votos dos eleitores. Ainda hoje, na minha caminhada matinal, visualizei uns seis cidadãos pilotando as suas bicicletas, equipadas com uma bateria e uma caixa de som, fazendo propaganda de dois candidatos, um a deputado estadual e outro, a deputado federal. Até que o som não incomodava muito, já que a lei do silêncio finalmente está sendo cumprida e o volume do som estava dentro das normas. O problema, para os candidatos, é que ninguém escuta bem o que está sendo dito e tampouco se preocupa em prestar atenção ao discurso. Havia também na frente do Shopping Ibituruna, alguns "santinhos" de outro candidato a deputado, espalhados pelo chão, emporcalhando a calçada. A pintura de muros com os nomes dos candidatos e a colocação de pessoas nas esquinas portando bandeirinhas é outro recurso utilizado com frequência. O que eu questiono é a eficácia desses arcaicos métodos de convencimento dos eleitores. Sinceramente, não acredito que isto irá fazer qualquer diferença na escolha, por alguém minimamente esclarecido, de algum pretendente a cargo público. Não consigo imaginar que alguém escolha o seu candidato simplesmente por ouvir na rua ou ver pintado em um muro o nome de um candidato. 
A realização de comícios deixou de existir, depois que a lei proibiu a contratação de artistas para fazer shows, o que demonstra claramente que o povo só ia aos comícios para assistir à apresentação dos cantores famosos e não para ouvir e apoiar as idéias dos políticos.
Por fim, outro recurso hilário utilizado, é a caminhada pelos locais de maior movimento, como mercados, praças, avenidas, campos de futebol, fazendo média com a população, comendo pastel, buchada e tomando cachaça para passar uma imagem de homem do povo. Chega a ser constrangedor assistir aos políticos, com a maior cara-de-pau, pedir votos nas ruas, cumprimentando a todos, abraçando eleitores, pegando crianças no colo, com um largo sorriso no rosto e toda a demagogia do mundo, prometendo maravilhas que nunca poderão ser cumpridas. É muito engraçado, uma situação repleta de tragicomicidade. Mas é a democracia, faz parte do jogo político. Difícil é depois da eleição conseguir qualquer contato, por mínimo que seja, com qualquer um deles, para fazer alguma reivindicação.